domingo, 6 de maio de 2007

Algumas coisas não mudam

Momento Lair Ribeiro verborrágico? Talvez. Mas acontece que a vida não oferece aquilo que esperamos. Nunca. Ela tem seus próprios desvãos... E consideramos "normal" abdicar de certos prazeres pelo bem de outros. E consideramos "normal" desconstruir alguns sonhos só porque não fomos capazes de alcançá-los em tempo recorde. E consideramos "normal" que outras pessoas ditem regras - sejamos francos - estúpidas pelo simples fato de não se aceitarem. Sim, essas coisas acontecem. E tormam-se até mesmo corrriqueiras quando optamos por uma vida menos casa-trabalho-casa. Dar a cara a tapa nem sempre significa obter sucesso. E não sou melhor ou pior por ter encontrado, na transparência, minha forma de sobreviver. Mas sou pior por não ter feito dessa transparência algo real, visto que a mulher apresentada nem sempre é a que está aqui, escrevendo tudo isso.
Ainda não suporto notar que certas pessoas ditam normas quando não conseguem sustentá-las (mesmo que durante pouquíssimos segundos), mas cresci. Envelheci. E o mal-estar que eu experimentava a cada decepção sumiu.
Entenda: tenho pensado muito, e em muitas coisas. Pensado de tudo, imaginado o impossível. Mas aquela coisa que faz acreditar, parar, olhar para o céu e agradecer... Aquela eu não vejo. Não vejo mais. Tudo o que consigo enxergar é um azul. Enorme azul. E é nisso que penso sempre que me sento naquele banco para fumar às 10 da manhã. E não consigo parar de pensar. Não adianta. "E se, e se, e se..." Sempre assim. Imagino famílias inteiras de "e se": mamãe, papai, filhinhos. Todos caminhando em bando, como animais. Mas fico ali, sozinha. Pensando.

2 comentários:

Rico disse...

Eu acredito que a ignorancia é uma benção. Mas procuro lembrar que é uma benção que cabe aos idiotas.

E se, e se... Puta que pariu, como enche o saco o grilo falante que pentelha a gente sobre o que poderia e pior, sobre o que a gente ainda pode ser e fazer.

Você já ouviu falar no paradoxo da escolha? É a teoria, aparentemente bem fundamentada de um cara chamado Barry Schwartz, que diz que nossa infelicidade é maior quanto maior o número de opções. Uma moça (não vem com este papo de "estou envelhecendo..." que é ridículo) criativa como você pode levar a infelicidade até o ponto que escolher.

Por que você não escreve um livro? Eu lí o Literatices, mas acho que você merece alguma coisa mais ambiciosa (e certamente com um título menos autodepreciativo...).

Rico disse...

Um trechinho sobre a teoria que eu comentei:

"Instead of calculating opportunity cost as the value of the single most attractive foregone alternative, we seem to assemble an idealistic composite of all the options foregone. A wider range of slightly inferior options, then, can make it harder to settle on one you’re happy with. (...)“If it is difficult to know whether we will be happy fifteen minutes after eating a bite of spaghetti, it is all the more difficult to know whether we will be happy fifteen months after a divorce or fifteen years after a marriage."

O texto completo da New Yorker tá neste link:
http://www.newyorker.com/archive/2004/03/01/040301crbo_books