quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sou um transformer

Em questão de segundos, eu deixo de ser a Moranguinho e me transformo em um caminhão de lixo.

No peito

Eu tenho um buraco no peito. Uma espécie de vazio que dói. Uma estupidez semeada. Pela milésima vez - e isso já soa repetitivo -, cultuei a desilusão. O processo é simples e eficaz. Basta fazer tudo errado, mostrar seus piores lados e sentir que, não importa o que seja feito, você sempre estará atrapalhando, importunando.
Eu sou um buraco.

domingo, 16 de setembro de 2007

Desistir

"Minha verdade espantada é que eu sempre estive só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade de solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória intíma que na solidão pode se tornar dor. E a dor silêncio. Guardo o seu nome em silêncio. Preciso de segredos para viver." (Clarice Lispector, "Água Viva")
Nome guardado em (ou no?) silêncio. Segredos para viver. Porque, quando o medo vence e você estraga tudo, esse passa ser o único caminho digno. E eu, que nunca fui fã da dignidade, ofereço a minha agora. Toma, fica com ela. Nunca precisei disso. Sou adepta - pela milésima vez - da vertente dos que não enxergam nada de bom na dignidade. Ela nunca encheu barriga, nunca soube amar. Se ofereço a minha e passo a utilizá-la com você, só o faço por respeito. Por saber que, infelizmente, é isso o que você espera de mim. Minha triste, solitária e respeitosa dignidade.
Nunca me importei com os outros, e vivi nesse paradoxo todos os meus erros. Sempre cometi os mais grotescos erros partindo disso. Para mim, os outros não tinham nada a ver com eles. Mas, na minhã seguinte, era neles que eu pensava. Nos outros, e não nos erros. Não posso entregar esse texto, não posso querer partilhar isso. Mais uma vez, minha triste, solitária e respeitosa dignidade que engloba desde o "não seja infantil" até o "saiba o momento de parar". Parece brincadeira. Piada sem graça, mesmo. Sempre agi como uma criança impulsiva. E largar isso é pisar num terreno novo. Muito novo. Já optei. Já desisti. Ofereço minha dignidade, e deixo a beleza daquilo que eu poderia ser (sim, eu vejo beleza naquilo) para a lembrança de tudo que não pude demonstrar. Mas vou parar por aqui. Não quero acreditar que a discrição seja a melhor coisa que uma mulher pode apresentar. Lutei muito pelo oposto. Levantei todas as bandeiras. E continuei sozinha. Eu, minhas dores, minha certeza de estar optando pelo certo. Sempre acreditei que "ser mulher" deveria ser algo muito mais profundo do que a mera discrição. Sempre pequei pelo excesso. E nada.
Pois bem, pela primeira vez eu prometo parar. Já parei e desisti muitas vezes. Mas sempre sabia, lá no fundo, que não havia mais sentimento em mim. Desisti por saber que o copo estava vazio, e que eu ainda sentia sede. Eu e meus clichês. Agora, não. Desisto sabendo que as coisas poderiam ser diferentes. Desisto gostando, se é que se pode dar esse nome às coisas que sinto. Sem mensagens no celular, sem e-mails impertinentes, sem grandes gestos impensados. Fim. Dignidade não procurada. E dói demais ser digna. Mas esta é a minha promessa. Por respeito a você. Não a mim.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Estupidez

Não. Não posso escrever sobre coisas bonitas se não tenho conseguido tempo/ juízo para vivê-las. Desculpe. De coração. Se pudesse, usaria todas as cores do mundo para dizer que estou bem, lúcida, calma. Mas seria uma mentira infantil, e minhas mentiras são sempre mais adultas. Só sei ser infantil sem mentir. Mas digo que deveria ser crime. Inafiançável. As pessoas teriam a obrigação de respeitar certos limites de impulsividade. Se ultrapassassem, seriam presas. Eu, por exemplo, estaria mofando atrás das grades a uma hora dessas. Prisão perpétua. E isso não tem nada a ver com arrependimentos, não. Só acho que meu ritmo é esquizofrênico. E estou me tranformando naquele tipo de gente - medo - que não filtra o que diz, faz, sente, pensa.
Para ser sincera, dá até vontade de voltar a amargar. Afinal, os amargos são, no mínimo dos mínimos, muito mais bem-resolvidos. E - vejam só! - são infantis somente quando mentem.