quarta-feira, 16 de maio de 2007

Cu e medo: uma relação de afeto

Eu sou a mulher de 30. Eu sou quase aquela que se redime de seus defeitos e segue em frente. Já fui Lolita e Poliana Moça. Já fui várias. E só não fui Christiane F. porque recusei o papel (e olha que não foram poucas as vezes em que bateram à minha porta e imploraram para que eu revivesse a personagem). Na verdade, estou nos 29. Mas convenhamos: isso é burocracia, coisa de repartição. Pois tenho 30 desde os 25. E todos sabemos.
O que dói, no entanto, é a imagem que serei obrigada a espelhar. Nunca fui de idolatrar ninguém - mesmo que prefira manter o Fidel Castro completamente alheio às discussões de bar. Nunca. Até a semana passada. Até baixar a guarda e entrar na onda daqueles que não vivem sem Lost. Sim, é uma série. E - pior! - é norte-americana. Mas o mundo está escasso. E qualidade se transformou em artigo de luxo.
Passei tanto tempo aceitando historinhas previsíveis, diálogos imbecis e personagens planos, que fui obrigada a idolatrar aqueles roteiristas filhos-de-uma-puta.
Sou, portanto, medo puro. A mulher de 30 que idolatra Lost. A que passou a ser vegetariana por se sentir culpada. O que resta, meu bom Deus? Medo, medo e medo. E a única coisa que vem à mente é a possibilidade de um dia chegar ao absurdo de manter relações com nerds aficionados por Star Wars.

Um comentário:

Rico disse...

O irmão de um grande amigo meu é um Trekkie. Tem os bonequinhos do Chewbacka e da Princesa Leia numa prateleira em cima da cama e uma coleção de livros que inclui "A ciência em Jornada nas Estrelas" e "Mitologia e Filosofia Oriental em Guerra nas Estrelas". E é, pasme, solteiro! Partidão, se quiser eu apresento.